quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mãe uma vez, mãe para a vida....

Para uma melhor interpretação do texto recomenda-se a leitura ao som da música


Olá sou a Cristina, sou jovem e ,até à pouco tempo, era mãe. Tenho 17 anos e fui mãe aos 14. Desde esse momento que toda a minha vida mudou. Mas mais mudou quando o meu filho morreu. Só passaram cinco meses mas parece que foram anos.

20 de Março de 2010, tudo estava a mudar na minha vida. Tinha feito os meus 14 anos à 2 meses e encontrado o amor que achava ser perfeito. Nesse dia, 20 de Março, saí à noite para uma festa com uns amigos e com o meu namorado, o Bernardo. A noite foi espetacular, os momentos que rimos todos juntos.. Os shots que bebemos... Tudo foi fenomenal. Era onze e meia e em meia hora tinha de estar em casa. Como o Bernardo tinha carta, pedi-lhe para me levar. Antes de sair do carro, houve uma troca de beijos, olhares e uns toques. Depois.. Tudo fluiu. Aconteceu. Fizemos sexo. A minha primeira vez. Não usamos proteção, porque como era a minha primeira vez não ia poder ficar grávida, não era? Pois, mas fiquei. Quando acabamos, saí do carro. Sorri e caminhei até casa. Sentia-me muito bem.Tudo estava a fluir normalmente, como se nada tivesse acontecido. Eu e o Bernardo continuávamos a gostar imenso um do outro, pelo menos pensava isso. Eu amava-o, mas ele só me amava por “aquilo” que tinha .Era mais um player. Nada mais.

18 de Abril de 2010, a primeira falta. Já estava uma semana atrasada na menstruação.Nunca me tinha acontecido tal coisa.Nunca mais me lembrei que tinha feito sexo sem proteção com o Bernardo. Afinal, foi só uma vez e foi a minha primeira. Logo, nunca podia ficar de bebé. Só dias mais tarde me lembrei desse pormenor. Fiquei super assustada, mas não podia acontecer nada, pois não? Gravidezes na adolescência é só para as outras, não é? Pensava tanto na probabilidade de estar grávida que decidi falar com a minha melhor amiga, a Mariana. Ela disse que tinha de fazer o teste e fi-lo,mas sozinha. As lágrimas corriam-me na face. Não sabia o que sentir. O teste deu POSITIVO. E agora? O que ia fazer da minha vida? Tinha catorze anos, não estava pronta para ser mãe. Pensei em abortar, mas caí em mim. Não dava. O erro tinha sido meu. Nessa noite, liguei ao Bernardo a chorar.Ele perguntou o que tinha. Eu, disse que precisava de falar com ele o mais depressa possível. Combinamos encontrarmos-nos e assim foi. Quando lhe contei, ele brigou comigo e deu-me uma chapada. Ainda mais chorei. Que tinha eu feito de mal? A culpa não era só minha. Ele era o pai. Ele disse que tinha de abortar, porque ainda éramos muito novos e que íamos arruinar a nossa vida. Eu disse-lhe que não ia abortar, porque o erro tinha sido nosso. Ele passou-se e disse que nunca ia assumir um filho. Chorei tanto. Corri para casa e fechei-me no quarto. A minha mãe entrou e perguntou-me o que se tinha passado. Agarrei-a com tanta força a chorar que senti uma lágrima dela a cair-me no ombro. Ela perguntava o que tinha acontecido e eu a soluçar disse “mãe, eu estou grávida!”. Ela, aconchegou-me e disse para ter calma e que no dia seguinte ia marcar uma consulta para tratar-mos do assunto. Estava mais calma. Tinha medo. Tudo era confuso. De repente, a minha vida deu uma volta de 1100 graus. Foi horrível!

No dia seguinte, lá estava eu no médico a fazer uma ecografia e ver o meu bebé. Era tão lindo! As lágrimas continuaram a escorrer-me face abaixo. Parecia que tinha uma fonte dentro de mim. Cada lágrima tinha uma mistura de tristeza e de alegria. No fim da consulta, o médico disse que o meu filho ia ser o meu Presente de Natal. Fiquei Radiante!

Esperei aqueles nove meses de gravidez.Meses passados com alegria, momentos de tristeza e muitos de reflexão. Ainda me perguntava o que é que estava a acontecer comigo. Era tudo muito estranho. Não percebia nada do que estava a acontecer. Tive que crescer depressa. Sem um pai ainda mais complicado seria criar um filho .A estranha sensação de ter dentro de mim uma criança era agradável e esquisita. Mas, como tudo na vida, habituei-me. Passaram-se as 40 semanas e no dia 24/12/2010, o meu filho nasceu! Era perfeito! Foi amor à primeira vista. Os primeiros mesinhos dele foram uma grande descoberta para mim. Eu, amava-o. Ouvi-lo chamar-me de “mamã” era agradável! Adorava isso.

Passaram-se dois aninhos e 3 meses e comecei a notar algo estranho no meu filho. Não andava com um bom ar. Levei-o ao médico e disseram que era apenas uma gripe. Dei-lhe os medicamentos que mandaram durante uma semana.Não houve melhoras. Voltei ao hospital, o médico disse para continuar a dar-lhe a medicação que estava a dar. Pensava que tudo ia passar com aquilo tudo. Não percebia nada de medicina. Acreditei nos médicos e no dia 15 de Março de 2013, adormeci o meu filho como era costume fazer. Coloquei-o no meu colo e comecei a cantar-lhe uma música que tinha ouvido na rádio.Quando acabei de cantarolar, pensava que ele já estava a dormir. Ia deitá-lo e ele disse-me que me amava mais que tudo. Para nunca me esquecer disso e para ser forte sempre. Ok.. Era uma criança com dois anos a dizer aquilo. Seria uma despedida? Não sei, talvez. No dia 16 de Março de 2013, acordei de manhã e fui ao quarto dele e... Desabei em lágrimas. Não conseguia reagir. O coração dele já não fazia “bum-bum”. O meu filho, Fábio, tinha morrido. O que ia ser de mim sem ele? Os médicos disseram que ele morrera com uma meningite. Não queria acreditar no que me estava a acontecer .Contei com o apoio de toda a minha família, mas não foi fácil. A dor de mãe permanece lá sempre. E por muito estranho que me tenha parecido, o Bernardo, também estava lá a apoiar-me mas apenas como amigo. Ele nunca assumiu o papel de pai. Nem naquele momento.

Hoje, dia 15 de Agosto de 2013, olho para trás e sinto-o como no último dia que lhe peguei ao colo.Já pensei em morrer também, mas ele disse-me para eu ser forte. Vou fazer-lhe a vontade. Vou ser forte. Viver um dia de cada vez. Vou ser feliz. Tentar, agora, lutar pela minha vida. Tenho 17 anos e mereço continuar a viver. Apesar de triste e magoada,a única maneira que tenho de viver é acreditar que ele me guarda sempre, todos os dias e está lá, presente em todos os momentos. Eu amo-o e sempre o vou amar. O meu filho irá sempre ser um sempre!




PS: Não copie, seja original. Plágio é crime punido por lei! Obrigada! 
A história tem um carácter totalmente fictício . Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

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